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terça-feira, 3 de maio de 2016

Matérias-Primas

Para fazer cerveja, se seguirmos os princípios da lei de pureza alemã (Reinheitsgebot) só precisaremos de 4 ingredientes: Água, Malte, Lúpulo e Fermento.

Como é possível com somente 4 ingredientes
fazer tamanha diversidade de cervejas com cores, sabores e aromas tão distintos?

Acontece que cada um dos componentes possui diversas variedades e pode ser dosado em diferentes quantidades. Além disso no processo o tempo e a forma como eles são adicionados também modifica o resultado. Por isso fazer cerveja muitas vezes se aproxima de uma arte do que uma ciência. É claro que é possível padronizar suas produções, mas quanto maior é a padronização exigida maior atenção a qualidade dos ingredientes, processo de fabricação e aos equipamentos deve ser dada.

Água

A água corresponde a mais de 90% da matéria prima empregada na fabricação da cerveja, por isso ela é sempre lembrada pela sua importância. No Brasil sempre a qualidade da cerveja fora associada à qualidade da fonte de água que a cervejaria utiliza. Isso há algum tempo atrás poderia influenciar, mas atualmente existem processos laboratoriais para corrigir ou adequar as propriedades da água para a produção cervejeira industrial. Se não formos levar em conta o custo das correções podemos transformar qualquer água potável em um ingrediente padronizado.
Quando oriunda da torneira a água contém diferentes composições dependendo de cada cidade. Muitas vezes dentro da mesma cidade temos fontes de águas diferentes. Para fazer cerveja em casa pode-se utilizar água da torneira, que algumas vezes é melhor que água oriunda de poços artesianos. Isso porque a água tratada geralmente vem de fontes rasas, contêm menos minerais pesados e pode ter um pH mais adequado.
Então a principal informação que o cervejeiro deve saber é o pH da sua água. O pH é uma escala que vai de 0 (ácido) até 14 (alcalino), sendo 7 o valor neutro. Um controle sobre o pH da água é fundamental, pois um pH alcalino poderá ocasionar a dissolução de materiais existentes no malte e nas cascas, que são indesejáveis no processo.
O ideal é que se tenha uma relação ácida facilitando maior atividade enzimática na mostura, com um conseqüente aumento no rendimento de maltose e um maior peso plato final. Em geral , o pH ideal da água para a fabricação de cerveja está entre 6.5 a 7.0, mas o tipo de cerveja a ser produzido é que vai determinar qual o pH ideal.
Para saber o pH da sua água podem ser utilizados aqueles kits para piscina, facilmente encontrados no comércio local. Outra maneira, não tão precisa, é procurar junto ao órgão público de distribuição de água os relatórios mensais de medição da qualidade da água, geralmente disponíveis na Internet. Para a água mineral basta confiar na informação contida no seu rótulo. Geralmente a água tende a ser mais alcalina que o ideal indicado na receita de determinada cerveja, sendo corrigida através da inclusão de malte acidificado na mosturação para baixar o pH até o nível desejado.
Portanto a água pode influenciar no resultado final da sua cerveja, porém na fabricação caseira não será a água a sua preocupação inicial, pois não inviabiliza a fabricação. Pode-se utilizar água mineral ou da torneira, lembrando-se a água da torneira contém cloro. Isso pode ser resolvido utilizando-se água previamente fervida no processo de fabricação (o cloro evapora).



Malte

O malte é fundamental na fabricação de cerveja, pois é ele o responsável pela cor e corpo (densidade) da cerveja, atuando também na composição do sabor e aroma. A razão média de uso é de 200 gramas para cada litro de cerveja, porém isso vai depender do rendimento obtido no processo bem como a qualidade do malte utilizado. Produzimos malte a partir da germinação parcial (interrompida) dos grãos de cereais.  A princípio qualquer cereal pode ser malteado, tal como: milho, aveia, trigo, centeio e principalmente a cevada. A cevada é geralmente utilizada porque possui um alto teor de proteínas em quantidade suficiente para fornecer os aminoácidos necessários a levedura. O malteamento é um processo obtido basicamente em cinco etapas:
  1. A cevada é imersa em água até absorver determinado teor de umidade;
  2. O grão passa a germinar sob condições controladas;
  3. No final faz-se a secagem em duas etapas de temperaturas, o que interrompe seu crescimento e se obtém propriedades e características específicas, como claro, escuro, caramelado ou torrado.
  4. Elimina-se os brotos formados na germinação por um processo chamado de crivagem. Estas radículas são eliminadas pois contém grande quantidade de proteínas e outras substâncias que podem prejudicar a cerveja. Pode-se também fazer um “polimento” no grão para melhorar sua aparência.
  5. O malte é então enviado para os silos de malte, onde ficam armazenados por aproximadamente 15 dias, para que as transformações bioquímicas conseqüentes do processo germinativo se completem.
Em todas as etapas há um controle de temperatura e umidade rigoroso. O cereal malteado, ao final do processo, contém:
  • Enzimas e amido. Este amido será dividido em açúcares simples pelas enzimas. Estes açúcares serão utilizados pelas leveduras, em especial para a produção do álcool e do gás carbônico.
  • Compostos organolépticos que reagem com o processo de fabrico da cerveja e as leveduras utilizadas para fazer o perfil organoléptico da cerveja.
  • A cor da cerveja (função da intensidade da reação de Maillard produzida durante a secagem).
  • Proteínas. Uma parte será dividida pelas enzimas para ajudar no crescimento das leveduras, outra parte permanece na cerveja para dar a sua aparência.
  • Classificação dos Maltes

    Apesar de não existir um sistema universal de classificação já que os malteadores categorizam diferentemente seus produtos no mercado. Entretanto, podemos dividir os maltes em dois grandes grupos: os maltes base e os maltes especiais. A cor é um dos fatores de diferenciação outro é a quantidade utilizada na fabricação.

    Maltes Base

     Os maltes básicos provêm o maior poder enzimático (diastático) para converter amido em açúcares fermentáveis. São eles que fornecem o maior potencial de extrato.
    MALTECOR EBCLOVIBONDOBSERVAÇÕES
    CHÂTEAU PILSEN2,5 a 3,51,4 - 1,8°LMalte claro destina-se a cervejas do tipo Pilsen. Serve também como malte base para outros tipos de cerveja.
    CHÂTEAU PEATED (DEFUMADO)5-Poderia ser definido como um malte especial, porém por se tratar de um malte pilsen que no final do processo é defumado foi incluído aqui.
    CHÂTEAU VIENNA5 - 72,3 - 3,1°LProduz um sabor mais forte de malte e grãos que o malte Pilsen e adiciona aromas sutis de caramelo e toffee. O malte Château Vienna proporciona uma cor dourada mais profunda à cerveja, tornando-a, ao mesmo tempo, mais encorpada e completa.
    CHÂTEAU PALE ALE7 - 93,1 - 3,8°LGeralmente usado como malte base ou em combinação com malte Château Pilsen 2RS para produzir um sabor de malte mais forte e cor adicional. Por ter uma cor mais intensa, este malte pode adicionar um tom dourado ao mosto.
    EXTRATO3 - 1000-Existe o extrato de malte liquido ou em pó feito de cevada, não necessitando mais serem submetido ao processo de mosturação. Necessita-se somente diluição na proporção recomendada, adicionar o lúpulo, ferver e resfriar o mosto que ele já esta pronto para receber o fermento.
    CHÂTEAU WHEAT BLANC (TRIGO CLARO)3,5 - 51,8 - 2,3°LAprimora o sabor peculiar das cervejas de trigo. O malte Château Wheat Blanc é essencial na fabricação de cervejas de trigo, mas também é usado (3- 5%) em cervejas comuns graças à sua proteína que proporciona à cerveja uma sensação encorpada na boca e aprimora a estabilidade do colarinho da cerveja.
    CHÂTEAU MUNICH WHEAT (TRIGO ESCURO)156,1°LSua cor não é particularmente escura, mas o sabor é mais rico que o do malte Château Wheat Blanc padrão. Você terá uma cerveja mais esguia e gasosa com um aroma típico de ale.
    EXTRATO DE TRIGO3 - 6-Como no Extrato de Malte, não necessita mais ser submetido ao processo de mosturação.


    Maltes Especiais

    materia_paleta_malte.gif
    Os maltes especiais são adicionados a cerveja para contribuir com características únicas, tais como: cor, corpo, aroma, proteínas para aumentar a espuma ou notas específicas de sabor. Diferentemente dos maltes base, os maltes especiais fornecem pouco ou praticamente nenhum poder enzimático, mas ainda contém algum material extraível.
    Dependendo do tipo de cerveja é comum a utilização de um ou dois tipos de malte especiais, assim como existem cervejas onde se utilizam até sete tipos de maltes especiais diferentes.
    Dentro do grupo de maltes especiais existem os maltes caramelos. São maltes que sofreram um processo de aquecimento que cristaliza os açúcares, por isso que também são conhecidos como maltes cristal. Estes açúcares caramelizados são cadeias mais longas que não são convertidos em açúcares simples pelas enzimas durante a mosturação. O resultado é uma cerveja mais doce e com sabor mais completo.
    Existem também os maltes mais torrados que são produzidos por uma fase de secagem em alta temperatura e depois entram em uma fase de torrefação. Eles contribuem para adicionar um aroma de café ou de defumado nas cervejas estilo porter e stauts. Claro que estes maltes devem ser utilizados com moderação já que uma pequena quantidade altera  significativamente o sabor e cor final da cerveja.
    Há também cervejeiros que utilizam cevada não malteada, na forma tostada e cevada “queimada”. Entretanto nestas formas não existem enzimas que auxiliam na mosturação.

    MALTECOR EBCLOVIBONDOBSERVAÇÕES
    CHÂTEAU MUNICH LIGHT E CHÂTEAU MUNICH15 ou 256,1°L e 9,9°LMalte rico e dourado. Proporciona um aumento modesto na cor, próxima de um laranja agradável e dourado. Adiciona um sabor pronunciado de grãos maltados a vários estilos de cerveja sem afetar a estabilidade da espuma e corpo.
    CHÂTEAU CARA BLOND208°LChâteau Cara Blond produz um aroma fino e doce como caramelo e um sabor singular de toffee, proporcionando uma cor de dourado a âmbar claro na cerveja. Uma característica distintiva de todos os maltes Cara é sua vitrificação.
    CHÂTEAU MELANO LIGHT E CHÂTEAU MELANO40 e 8015,5° e 30,6°LMuito aromático com sabor maltado intenso. Torna a cor da cerveja encorpada e uniforme, melhora a estabilidade do sabor e promove a cor avermelhada da sua cerveja. A cerveja fica mais encorpada. Essa variedade especial costuma ser descrita como “turbo Munich”.
    CHÂTEAU ABBEY4517,4°LO malte Château Abbey é a forma mais tostada de malte pale. Proporciona um sabor forte de pão assado, nozes e frutas. O malte Château Abbey possui um sabor amargo que é suavizado com o tempo, ganhando um sabor ainda mais intenso.
    CHÂTEAU CARA RUBY5019,3°LChâteau Cara Ruby produz um aroma rico e doce como caramelo e um sabor singular de toffee, proporcionando uma cor de dourado a âmbar intermediário na cerveja.
    CHÂTEAU BISCUIT5019,3°LEsse malte é usado para melhorar o sabor e o aroma torrado que caracteriza as Ales e Lagers, proporcionando propriedades sutis dos maltes Château Black e Château Chocolate.
    CHÂTEAU ARÔME10038,2°LO malte Château Arôme proporciona aroma e sabor maltado rico a cervejas lager âmbar e escuras. Comparado a outros maltes coloridos tradicionais, ainda é alto em poder diastásico e produz um amargor mais suave.
    CHÂTEAU CARA GOLD12045,7°LChâteau Cara Gold produz um aroma forte e doce como caramelo e um sabor singular de toffee, proporcionando uma cor de dourado a âmbar mais escuro na cerveja.
    CHÂTEAU CRYSTAL15057,1°LEste malte de cor caramelo-cobre proporciona sabor e aroma de malte rico às cervejas lager, âmbar e escuras.
    CHÂTEAU CAFÉ LIGHT E CHÂTEAU CAFÉ250 e 50094,8°L e 189,1°LProduz um sabor e aroma suave, de nozes e café nas cervejas. Adiciona complexidade a qualquer Ale escura. Também reforça a cor da cerveja.
    CHÂTEAU SPECIAL B300113,7°LUsado para produzir uma cor de vermelho a castanho escuro e corpo mais encorpado. Sabor e aroma singulares.
    CHÂTEAU CHOCOLAT900340,1°LO malte Château Chocolat é um malte altamente tostado com uma cor castanha profunda, é usado para ajustar a cor da cerveja e produz um sabor torrado de nozes.
    CHÂTEAU BLACK1500566,5°LAprimora o aroma das cervejas de caráter, produzindo um sabor mais rigoroso que o de outros maltes de cor acentuada. Produz um sabor levemente queimado ou defumado.

    Extratos de Malte

    materia_extrato.jpgUm extrato de malte nada mais é do que o mosto concentrado de um ou mais maltes moídos e misturados, com ou sem adjuntos, enzimas suplementares e lúpulo. A forma como eles são produzidos depende do malte, da mistura e das condições de evaporação utilizadas. Basicamente é utilizado por cervejeiros e algumas pequenas cervejarias que não querem passar pela fase de moagem, mosturação e separação do bagaço. O extrato pode ser utilizado como fonte única de açúcares fermentáveis ou ele pode ser combinado com malte de cevada.

    Lúpulo

    O lúpulo é uma planta trepadeira que tem o hábito de crescimento em locais de clima frio e com abundância de luz solar (dias longos).  Desta planta utilizamos as flores das plantas fêmeas. Esta flor possui um formato de cone e no seu interior encontra-se a lupulina.
    O lúpulo é considerado o “tempero” da cerveja. Ele que dá a identidade de muitas cervejas de alguns estilos muito apreciados por nós.
    Ele principalmente contribui para o amargor, aroma e sabor da cerveja. Entretanto o lúpulo também auxilia na retenção da espuma, ajuda na remoção de algumas proteínas indesejadas resultando em uma cerveja mais clara. Possui propriedades bactericidas e é um conservante natural, aumentando a vida de prateleira da cerveja.
    O uso de lúpulo na fabricação de cerveja remonta a 736 d.C. no sul da Europa Central, o que é relativamente recente na história de 8 mil anos de fabricação de cerveja no mundo.
    Principais formas de comercialização
    FORMA
    OBSERVAÇÕES
    EM FLOR
    Os lúpulos em flor são os cones naturais do lúpulo que foram secados e fardados. Pode-se argumentar que essa forma é a mais inconsistente, volumosa, de péssima estocagem, além de ser a mais ineficiente de todas na fabricação de cerveja, pois o lúpulo sofre oxidação e tem um tempo de validade curto, perdendo suas propriedades. Mesmo assim, ainda existem algumas cervejarias e cervejeiros pelo mundo afora afirma ter preferência por um produto 100% natural.
    PELLETS T-90
    "Pellets" de lúpulo são basicamente lúpulos em flor que foram moídos e depois prensados em forma de pequenos cones. Os lúpulos moídos se mantém unidos nestes pequenos cones comprimidos, por causa da resina natural do lúpulo. Nenhum aditivo é colocado num "pellet" padrão T-90. Esse produto é acondicionado então em uma embalagem fechada a vácuo ou em atmosfera de nitrogênio. A maior vantagem é menos espaço para armazenagem e melhor consistência e preservação das suas propriedades por mais tempo. A desvantagem geralmente citada é que a moagem para criação dos cones altera parcialmente o comportamento dos lúpulos o que pode resultar na alteração do sabor da cerveja.
    PELLETS T-45
    Similares aos pellets padrão T-90, porém no seu processo de criação há uma maior separação matéria vegetal e uma prensagem que eleve a concentração de ácidos alfa para um patamar padrão, de acordo com as especificações do comprador. Esta forma é utilizada para gerar, independentemente do ácido alfa obtido daquela safra, um percentual padrão entre as colheitas.
    EXTRATO
    Muitas cervejarias espalhadas pelo mundo usam uma forma liquefeita de lúpulos chamada de extrato de lúpulo. Basicamente esse processo remove a resina da matéria vegetativa do lúpulo. Existem muitas variedades desse produto. As vantagens são a consistência, menor espaço de estocagem, deterioração mínima e maior utilização. Uma desvantagem é que o lúpulo foi alterado em sua essência.
    ESSÊNCIAS
    Alguns outros produtos são os óleos essenciais de lúpulo e as essências. Como a indústria cervejeira está evoluindo, muitos desses produtos estão ganhando evidência. Estas formas nada mais são do que componentes extraídos do lúpulo, refinados ou concentrados.


    Estrutura do Lúpulo.png
    O lúpulo contém diversas resinas e óleos onde se destacam principalmente uma: o ácido alfa. Este ácido é o responsável pelo amargor da cerveja. Por isso quanto maior o seu percentual, maior o poder de amargor do lúpulo.
    Se um determinado lúpulo possui 5% de ácido alfa, significa que em 100 gramas, 5 gramas são deste componente. Ou seja, ele é sempre informado como um percentual relativo ao peso do lúpulo, desta maneira é possível dosar corretamente a quantidade de lúpulo. Este percentual, nos Pellets T-90 sempre varia a cada safra, portanto o cervejeiro deve ficar atento e corrigir suas receitas.
    Classificação dos lúpulos:
    CLASSIFICAÇÃO
    DESCRIÇÃO
    AMARGOR
    Lúpulos amargos possuem um nível bem mais elevado de ácidos alfa. Esses geralmente são utilizados no processo de fervura para extração do amargor.
    AROMÁTICO
    Os lúpulos aromáticos são caracterizados por terem teores de ácidos alfa baixos e um perfil de óleo associado ao bom aroma. Esses lúpulos geralmente são usados como lúpulos de acabamento ou condicionadores.
    DUAL
    São lúpulos que pela suas características podem ser utilizados tanto para amargor como para dar aroma a cerveja. Geralmente possuem sua classificação pela ordem de prevalência: AMARGOR/AROMÁTICO ou AROMÁTICO/AMARGOR. Esta indicação informa qual é a característica predominante.

    Como o ácido alfa não é uma substância solúvel, para extrairmos as propriedades do lúpulo devemos ferver ele junto com a cerveja. Assim ocorre um processo de isomerização, fixando as resinas na cerveja referentes ao amargor.
    Para agregarmos sabores e aromas de lúpulo à cerveja, é necessária a extração dos óleos do lúpulo. Como são substâncias mais voláteis e sujeitas a evaporação, adiciona-se o lúpulo também no final da fervura, para diminuir este efeito. Há também a técnica do “dry hopping” onde se coloca o lúpulo por infusão já na cerveja fermentada.
    A fim de conservar o lúpulo e suas propriedades, recomenda-se sempre mantê-lo refrigerado (não congelado) com a sua embalagem bem fechada e com o mínimo de ar no seu interior. Isso evita a oxidação e a volatilização dos óleos presentes no lúpulo.

    Fermento (Levedura Cervejeira)

    O fermento, ou levedura, é um elemento vivo na produção de cerveja. Trata-se de um microorganismo que consome os açúcares presentes no mosto e liberam álcool e gás carbônico. Algumas cepas de fermento produzem também ésteres que dão um acabamento na cerveja.
    Basicamente existem dois tipos de levedura cervejeira. As de alta fermentação (ALE) e as de baixa fermentação (lagers). Em cada grupo existem diversas cepas que possuem características particulares. Elas possuem esta nomenclatura pela forma como atuam. O fermento de alta fermentação flocula na parte superior do fermentador, enquanto o de baixa fermentação age mais no fundo.  A temperatura de operação de cada fermento também pode ser associada a nomeclatura, ficando os de alta fermentação trabalhando na faixa de 18ºC e 24ºC, já os de baixa fermentação operam na faixa dos 9º aos 13ºC.
    Claro que estas temperaturas são as consideradas ideais, onde o fermento está habituado e tem seu melhor rendimento. Quando operam fora destas faixas eles podem produzir subprodutos indesejados na cerveja.

    terça-feira, 14 de abril de 2015

    Conheça os benefícios do levedo de cerveja para a saúde da sua pele





    Qual a primeira coisa que vem à sua cabeça quando ouve falar de levedo de cerveja? Provavelmente você pensa na própria bebida, é claro. Proveniente da fermentação da cevada, o produto é um fermento inativo, com grande concentração de vitaminas do complexo B e proteínas. Mas afinal, levedo de cerveja, para que serve?
    Assim como a carne, o levedo de cerveja também oferece grande quantidade de proteínas, mas com a vantagem de não conter colesterol e gordura. Por isso é recomendado para as pessoas que precisam de proteína, mas têm dietas restritivas, como vegetarianos, por exemplo.
    Rico em proteínas, vitaminas, minerais, aminoácidos e fibras, o levedo de cerveja é um excelente repositor de nutrientes, sendo usado como complemento em dietas de emagrecimento.
    E os benefícios desse fermento vão mais além. O levedo de cerveja é um grande aliado do sistema imunológico e promove resistência e desintoxicação do organismo. Também deixa a pele mais saudável, ajuda na regulação do intestino,  além de manter a integridade do sistema nervoso, evitando assim o estresse, falta de concentração, o cansaço físico e mental.
    O levedo de cerveja também é recomendado para diabéticos, por reduzir os níveis de glicose no sangue graças à grande quantidade de vitamina B e cromos que concentra.
    Ainda na dúvida? O nutricionista Ricardo Vagar fala mais sobre o assunto no artigo “Por que ingerir o levedo de cerveja?“.
    Como consumir?

    O levedo de cerveja pode ser encontrado no farelo de cereais completos, gema do ovo,leguminosas secas e melaço da cana. O produto concentrado também pode ser encontrado em cápsulas, tabletes, líquido ou em pó. A versão em pó pode ser misturada às saladas, vegetais, sopas e também emulsionada em azeites e molhos. Uma dica: para manter a integridade de seus nutrientes, nunca cozinhe o produto.

    segunda-feira, 12 de agosto de 2013

    Como a cevada vira malte?

    UOL publicou uma reportagem que conta os processos pelos quais a cevada passa antes de se transformar em malte, um dos principais ingredientes da cerveja. As primeiras etapas, de acordo com o texto, são a classificação e o teste do grão, que ajudam a indicar a porcentagem de germinação da cevada. Esse número é que vai determinar o uso potencial da cevada para a produção do malte. Se o teor ficar abaixo de 95% de germinação, o grão não é útil para a indústria cervejeira.
    Na sequência, a cevada testada segue para um depósito que tem a temperatura, a umidade e a aeração controladas. Os grãos permanecem neste ambiente até se modificarem. É nesse momento que as enzimas são ativadas e a matriz proteica ao redor do amido é quebrada. Enquanto estiver nessa fase, a cevada modificada é aquecida para encerrar o processo de germinação. Então, o malte é seco ou torrado, de acordo com o produto final que o cervejeiro pretende obter. Finalmente, o malte está pronto para ser usado pelas cervejarias, onde é transformado em mosto e recebe a adição de fermento, lúpulo e água.

    terça-feira, 16 de abril de 2013

    Indígenas produzem cerveja com quinoa

    Foto Divulgação


    Assim como o consumo moderado da cerveja, a quinoa é um grão que pode trazer muitos benefícios para a saúde. Sabendo disso, a comunidade indígena Aymara, que fica em Challapata, sul da Bolívia, começou a produzir e comercializar cervejas feitas com a quinoa, que já era conhecida do povo Inca. A receita não foi divulgada, mas se sabe que o rótulo não é filtrado, guarda resquícios dos condimentos usados durante a fabricação e tem um sabor peculiar, que nasce pela ação das leveduras no grão.
    Segundo a apuração da agência de notícias France Presse, o governo boliviano tem o interesse de expandir a chamada “rota da quinoa”, rede que liga La Paz, Oruro e Potosi em uma malha rodoviária de 1,5 mil quilômetros. O objetivo é atingir um milhão de toneladas de quinoa por ano, praticamente vinte vezes mais do que se produz atualmente. Ainda assim, a Bolívia já é responsável por 70% do total de quinoa que existe no mundo.
    Entre as vantagens do consumo de quinoa estão a prevenção da osteoporose e o controle dos níveis de colesterol ruim, já que ela é rica em proteínas, vitaminas e minerais. O grão foi considerado pela Organização das Nações Unidas como um dos alimentos mais completos para a saúde humana.

    terça-feira, 12 de março de 2013

    CERVEJAS EXCÊNTRICAS


    O que acha de cervejas a saber a vinagre ou a framboesa? E que tal cervejas que apenas são produzidas no Natal ou em Outubro, difíceis de encontrar em qualquer outra época do ano? E estilos quase em vias de extinção, apenas com três ou quatro marcas ainda disponíveis? Muitos outros exeplos existiriam para lhe explicarmos o porquê de considerarmos os tipos de cerveja abaixo listados como excêntricas. Não nos alongaremos muito nesta introdução pois a descrição de cada um dos estilos será suficiente para se aperceber das características muito espécificas de cada um deles. O único conselho que lhe deixamos é o de manter o espírito aberto ao experimentar qualquer um destes estilos. Poderá vir a beber cervejas com sabor a cereja, hortelã-pimenta ou até chocolate!
    Barley Wine - Apesar do nome, a Barley Wine é uma autêntica cerveja, forte e intensa. De facto, faz parte dos estilos de cerveja mais fortes. Viva e frutada, por vezes doce, por vezes ácida, é, no entanto, semprealtamente alcoólica. Uma cerveja com esta força e complexidade pode ser um desafio para o palato. A sua cor varia entre o âmbar e o castanho escuro, sendo que os aromas vão desde o frutado até ao carácter acentuado do lúpulo. É uma cerveja espessa, onde o álcool é facilmente perceptível, apesar dos sabores a fruta, resina ou lúpulo que o acompanham. Apresenta um volume alcoólico entre 7% e 12%. As variedades inglesas de Barley Wine são bem diferentes das americanas, já que estas últimas costumam ter um sabor mais marcado a lúpulo (por vezes em demasia!), sendo que as inglesas apresentam um melhor equilíbrio entre malte e lúpulo. A maior parte das Barley Wine podem ser conservadas e envelhecidas, como se de um bom vinho se tratassem.

    Bière de Garde - Bière de Garde, ou cerveja para guardar, é um estilopouco comum, sendo que em Portugal é mesmo inexistente. A sua cor varia entre o amarelo dourado e o castanho-claro, possuindo um aroma maltado e um sabor ligeiramente doce e caramelizado também devido ao malte, com alguns exemplares a apresentarem alguma acidez devido à presença do lúpulo. A presença do álcool é evidente, havendo a possibilidade de se encontrar alguns sabores a fruta. O volume alcoólico varia entre 6% e 8% e é uma cerveja que melhora com a idade.

    Lambic-Gueuze - A Gueuze é uma lambic tradicional, feita a partir da mistura de lambics novas com velhas e sem a adição de fruta. As lambicmais velhas têm um carácter refinado, o que ajuda a retirar alguma aspereza às lambics novas, assegurando também que não se irá sentir nenhum sabor indesejado, fruto da fermentação expontânea característica deste estilo. Na sua maioria são filtradas e algumas chegam a ser pasteurizadas. Após o engarrafamento, podem passar por um períodode envelhecimento que, em algumas marcas, chega atá aos 3 anos. Acima de tudo, as Gueuze são estruturalmente muito complexas, secas e únicas, podendo os melhores exemplos deste estilo ombrear com um bom champanhe sem qualquer tipo de vergonha!

    Spice/Herb/Vegetable - Neste grupo podemos incluir qualquer lager ou ale produzidas a partir de ervas, especiarias ou vegetais, sendo que o sabor adicionado costuma ser bem perceptível quer no aroma, quer no sabor. A grande diversidade de ingredientes que podem ser utilizados faz com que a cor, aroma, sabor, textura e volume alcoólico variem substancialmente de marca para marca. De facto, há indústrias cervejeiras que na ânsia de inovar, são capazes de atirar qualquer coisa para dentro da mistura, desde gengibre a abóbora, passando por canela, nozes e pimenta. É um estilo de cerveja jovem e fresco, não aconselhado para aqueles que acham que cerveja tem de ser "loura e estupidamente fresca".

    terça-feira, 18 de setembro de 2012

    Tipos de Copos


    Tal como existem milhares de marcas e centenas de estilos de cerveja, também existem várias dezenas, senão mesmo centenas de copos. De fato, consoante o tipo de cerveja que estamos a beber, deveremos escolher um copo adequado. Por vezes, tal tarefa torna-se fácil, já que as melhores cervejas costumam indicar no rótulo qual o copo que deverá ser utilizado. Independentemente de essa referência ser feita ou não, tentaremos fazer aqui uma breve análise dos diferentes copos existentes no mercado e para que estilo de cerveja seja mais indicado. Há pessoas que consideram esta corrente como mais um golpe de marketing de certas empresas para vender mais produtos. Pensamos que tal não reflete a realidade. Apesar das razões comerciais que estão subjacentes a qualquer negócio, há realmente uma adequação do estilo de uma cerveja a certo formato de copo. Por exemplo, é natural que as lagers sejam servidas em copos altos, por forma a que o gás e a espuma tenham possibilidade de crescer e mostrar todo o seu caráter. E a formação de espuma não é algo de somenos importância. Esta protege a cerveja da libertação de certos elementos essenciais que, não fora a sua existência, se perderiam no ar. Por outro lado, evita a entrada de ar na cerveja, algo que provocaria a oxidação desta e correspondente perda de qualidades.
    Tendo isto em consideração, que estilo de copo utilizar? Bom, a resposta não é imediata e, em países como a Bélgica, tal torna-se verdadeiramente difícil. De fato, é habitual cada marca de cerveja ter o copo correspondente, o que faz com que existam centenas de copos  de centenas de marcas. Como se torna humanamente impossível possuirmos todos os copos, apresentaremos apenas alguns formatos genéricos que servirão para a maior parte das cervejas que se lhe possam deparar (clique na imagem para ver o copo em tamanho maior).
    grande cervejeiro - tudo sobre cervejas, 
nacionais e importadas
    Caneca/Mug/Stein - Pesada, resistente, larga e com uma pega, as canecas são mundialmente conhecidas e utilizadas. Mais ou menos engraçadas, vêm numa multiplicidade de formas e feitios e são excelentes para fazer brindes! Podem ser de vidro, cerâmica ou metal, por vezes têm uma tampa e o seu sucesso deve-se à quantidade de bebida que podem conter Ideais para cervejas do tipo American Amber Ale, Roggenbier, Sahti, Irish Red Ale, Scottish Ale, Bock, Doppelbock, German Classic Pilsner, Bohemian Pilsner.
     grande cervejeiro - tudo sobre cervejas, 
nacionais e importadas
    Copo para Witbier/Weizen - Nada sabe melhor do que beber uma Witbier no respectivo copo! Feitos de vidro fino, extremamente elegantes e compridos, estas autênticas obras de arte permitem admirar as cores da cerveja e o topo possibilita uma correta expansão e desenvolvimento da cremosa espuma. Em geral, suportam até 0,5 litros de cerveja. Poderá utilizá-los com cervejas do tipo Dunkel Weizen, Gose, Weizenbock ou Hefe Weizen.
     grande cervejeiro - tudo sobre cervejas, 
nacionais e importadas
    Copo em cilindro/Stange - Bastante comuns estes copos em cilindro são de origem germânica e utilizam com cervejas delicadas, já que possibilitam a ampliação dos aromas e sabores do malte e do lúpulo. Em Portugal, é habitual servirem-se imperiais neste tipo de copos, apesar destes não serem os mais corretos. O cilindro é adequado aos gêneros: Rauchbier, Altbier, Kolsch, Lambic-Faro, Lambic-Unblended.
     grande cervejeiro - tudo sobre cervejas, 
nacionais e importadas
    Snifter - Um pouco maiores, mas mesmo assim similares aos nossos cálices de brandy ou conhaque, estes copos têm um formato que os tornam excelentes para capturar os aromas de cervejas fortes, já que ajudam na sua preservação. Utilizam-se com Eisbocks, Barley Wine, Old Ale e Russian Imperial Stout.
     grande cervejeiro - tudo sobre cervejas, 
nacionais e importadas
    Flauta/Flute - Estamos mais habituados a utilizar os copos em formato de flauta para beber champanhe ou espumante. No entanto, há cervejas que se dão muito bem com o formato destes copos. A sua elegância e o fato de serem esguios, assegura que o gás não se dissipa com muita rapidez, permitindo igualmente observar a cor e o corpo da cerveja com grande nitidez. Utilizam-se com os gêneros Vienna, Schwarzbier, Lambic-Fruit, lambic-Gueuze
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    Pint/Becker/Tumbler - Quase cilíndrico mas bem mais largo do que o stange, o pint é bastante utilizado na Inglaterra e na Alemanha, por permitir beber vários tipos de cerveja, em grandes quantidades e por ter um desenho universal, barato e que possibilita um fácil armazenamento. É indicado para cervejas do tipo Smoked, Marzen/Oktoberfest, Steam Beer, Malt Liquor, Winter Warmer, Bitter e Pumpkin Ale, entre outras.
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    Pilsner - O copo de pilsner é o habitual copo das nossas imperiais. Entre as formas de um cilindro e de um cone, a sua estrutura permite manter a cerveja viva, para além de possibilitar a formação de uma boa espuma. Em Portugal, estes copos têm pouco mais de 0,2 litros, mas em certos países da Europa podem chegar até aos 0,4 litros, como por exemplo, na Alemanha e República Checa. São bons para os estilos American Macro Lager, Happoshu, German Classic Pilsner, European Strong Lager e Witbier.
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    Cálice/Goblet - São, em geral, autênticas obras de arte, muitos deles com dourado no rebordo, as letras da marca gravadas no vidro, chegando ao ponto de alguns terem relevo. São especialmente desenhadas para permitirem a manutenção da espuma  e a possibilidade de se darem tragos avantajados. São perfeitos para as Abbey Dubbel, Abbey Triple, Belgian Strong Ale e Flemish Sour Ale
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    Tulipa/Tulip - Também já algo habitual no nosso país, os copos em formato de tulipa são muito elegantes e permitem suportar cervejas que produzam grandes quantidades de espuma. Bastante típicos da Bélgica, são ideais para os estilos Scotch Ale, Saison, Bière de Garde e Belgian Strong Ale.

    As indicações que aqui damos não são algo de doutrinal e que se devam seguir cegamente. Há cervejas que se podem beber em dois ou três tipos de copos diferentes. Vejamos o caso de uma pilsner: tanto a poderemos beber numa caneca, como num copo de pilsner ou num copo cilíndrico. E, verdade seja dita, não se vai deixar de beber uma boa cerveja por não se ter o respectivo copo à mão. A idéia que gostaríamos de realçar é a de que existem copos específicos para os diferentes estilos de cerveja e se conseguirmos adequar um ao outro tanto melhor, já que a experiência ficará mais completa e enriquecedora.
    Para além do tipo de copo, há outros aspectos que também se devem ter em consideração. Por exemplo, se lhe quiserem servir uma cerveja num copo gelado, recuse. O contacto entre a cerveja e o copo gelado irá provocar um processo de condensação, o que irá diluir a bebida enquanto que, ao mesmo tempo, se alterará a temperatura correta a que a cerveja deve ser servida. Procure ainda lavar os seus copos à mão. Algumas máquinas de lavar louça deixam resíduo o que pode alterar o sabor e a espuma da cerveja. Tal idéia aplica-se também à secagem: é preferível deixar os copos secarem ao ar, pois os panos podem deixar partículas inconvenientes para a cerveja.
    Finalmente, e caso tenha ficado curioso, aqui lhe deixamos alguns sites onde poderá adquirir, ou apenas admirar, copos e outros artefatos dedicados à nobre arte de beber cerveja.